10.5.08

A noite das barricadas


De 10 para 11 de Maio, viveu-se uma verdadeira batalha campal nas ruas de Paris.

Descrição detalhada dos acontecimentos.

Fotografias a cores de Claude Dityvon, com explicações sonoras.

boomp3.com

Nacionalidade = Blogger

Proteger as crenças dos que não crêem

No Público (espanhol), «um decálogo para converter a Espanha num estado laico».

I. Educarás en igualdad

II. No sermonearás fuera del púlpito

III. No impondrás tus símbolos al Estado

IV. No mezclarás la gloria terrenal y celestial

V. No acapararás las fiestas del calendario

VI. No invadirás instituciones públicas

VII. Cederás tu patrimonio al Estado

VIII. Acatarás la ley de datos

IX. No utilizarás los medios públicos

X. Te autofinanciarás

9.5.08

Blogosfera na «Ecclesia»

ADENDA (*)

A revista Ecclesia, propriedade do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa, acaba de publicar um número especial sobre «Igreja e Media», que inclui um artigo com muitas referências à blogosfera portuguesa: «Blogues e religião».

O que há nele de mais interessante é a divulgação de um conjunto de blogues de católicos e de membros de outras religiões, relativamente desconhecidos (pelo menos para mim). Já a lista dos «outros» que abordam questões relacionadas com a religião merecia ser bem mais abrangente.

Dois comentários:

1- Verifico – com satisfação e sem ironia – que a ex-minha igreja, ou parte dela, é mais tolerante para com os seus «infiéis» do que outras (bem mais laicas):
«Joana Lopes, durante muitos anos católica activa, agora afastada de qualquer convicção religiosa, manifesta, “Entre as brumas da memória”, um olhar atento também sobre os assuntos da fé.»

2- Constato que o nome do blogger do Palombella rossa veio, neste artigo, à luz do dia. Se é verdade que, em termos de segredo, este pouco mais era do que de Polichinelo, agrada-me que o «católico tresmalhado, com paixão pelo risco da fronteira e pela novidade quotidiana da vida», que me habituei a ver agir sempre com grande frontalidade em outras arenas, tenha agora nome e morada na blogosfera. Bem-vindo ao clube, José Manuel Pureza.


(*) O autor do artigo deixou algumas observações na Caixa de Comentários.
Não conheço
Rui Almeida que, tal como um número razoável de católicos leitores deste blogue, mantém comigo um relacionamento por mail. Alguns deles (não é o caso do Rui), revelam um certo «espírito das catacumbas», que os impede de manifestarem em público o mal-estar crítico com que vivem a sua pertença à igreja. Digo-lhes, frequentemente, que não deviam – fala quem disso teve alguma experiência e não se arrepende.

Praga, 1968













Era Primavera, também em Praga.

Um video sobre o trabalho de democratização na Checoslováquia.

Um artigo no N.O., de Abril de 1968.

Uma canção.


Vão-se habituando à voz de Marta Kubisová. Mais notícias em breve.

8.5.08

Livro de Memórias - Lançamento











(Clique na imagem para aumentar)

José Dias nasceu em Braga, em 1948. Foi dirigente católico, estudantil, partidário, sindicalista e associativo e assessor político.
Reside actualmente em Coimbra, onde preside ao Conselho da Cidade.

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P.S.– Nem sei há quantos anos conheço o Zé Dias (é assim que gosta que lhe chamem), mas contam-se por décadas. Andámos juntos em lides semi-clandestinas, nos idos de 60 e 70. Estivemos muitos anos desencontrados e, em 2007, ele redescobriu-me e fez-me descobrir Coimbra – devo-lhe mais essa.

Para que conste




Diz-se que Cavaco Silva assina, amanhã, o Decreto de Ratificação do Tratado de Lisboa.

A data terá sido escolhida para coincidir com o 58º aniversário da «Declaração Shuman», que deu origem à criação de um grupo de vinte e sete países, que, neste momento, dá pelo nome de Europa.

Talvez em Junho...

O que se obtinha (9:48, hora de Lisboa), como resultado de tentativa de acesso a Generación Y, o blogue da cubana Yoani Sánchez:

Yoani Sánchez, em entrevista a El Pais de hoje, a propósito da impossibilidade de sair de Cuba para receber, em Madrid, o prémio Ortega Y Gasset:

«P. ¿Qué razones le han dado para no permitirle viajar a España?
R. Realmente no me han dado razones. Tampoco me han dicho que me prohibían la salida. Todo este tiempo la única respuesta ha sido: "No hay respuesta, su caso se está analizando". Pero sin dar la cara. El martes, que era el último día para poder coger el avión, fui a las oficinas de inmigración y me dijeron que todavía no había "nada". Así que he cambiado la fecha del viaje para junio, a ver si entonces ya se ha eliminado el famoso "permiso de salida", como todo el mundo espera.»


Sobre o seu blogue:

«P. ¿Cómo calificaría su blog?
R. Mi blog es un exorcismo personal que de pronto se ha encontrado con otros que también tienen sus demonios, y se ha convertido en una confluencia de demonios e historias similares. Sobre todo se ha convertido en un foro de discusión: ahora mismo lo más importante de Generación Y no son mis textos, sino los comentaristas.»


Sobre a situação em Cuba:

«P. ¿Los pequeños cambios que se han visto hasta ahora anuncian otros de mayor calado?
R. Todos estos cambios tienen un objetivo claro: conservar el poder. Pienso que la idea es proporcionar cierto bienestar a la población, relajar un poco las tensiones acumuladas. ¿Hasta dónde lo pueden llevar? Justo hasta donde empiece a peligrar el control que tienen sobre la sociedad. Allí lo van a dejar.»

O realce é meu.

6.5.08

Maio à esquerda?

Resisto dificilmente a uma «pequena provocação», sobretudo se é feita num blogue que aprecio. Os outros interpelados não se acusam e vejo na Caixa de Comentários que o autor do post está à espera de ver o que eu escrevo para voltar a pronunciar-se. Responsabilidade redobrada, portanto, para quem já tinha decidido não contribuir mais para a verdadeira e desproporcionada avalanche de textos opinativos sobre Maio 68.

O que está em causa é responder à pergunta «O que é que o Maio de 68 fez de importante e duradouro para a esquerda?»

Muito ou muito pouco, nada para alguns – conforme as perspectivas, as esquerdas e também as vivências colectivas, pessoais e, porque não, afectivas.

Não vou repetir que não se pode isolar Paris 68 de tudo o resto que aconteceu, antes e depois, um pouco por todo o mundo. Já está dito. Nem discutir se houve revolução ou só revolta, se os mais importantes foram os estudantes ou os operários. Sinceramente, também não sei se os efeitos chegaram aos aborígenes da Austrália ou aos habitantes da ilha da Páscoa e, por hoje, deixo a França para os franceses.

Aquilo de que estou convencida é que, em Portugal, para uma certa esquerda (que, para simplificar, caracterizaria como não estando à época enquadrada em partidos ou movimentos marxistas-leninistas, PC e outros), 1968 teve uma influência decisiva que veio para ficar – e que ficou, pelo menos até ao fim do PREC. Confesso que só nos últimos dias consolidei a formulação desta minha opinião, razão pela qual nem a quero defender muito categoricamente. Mas passo a explicar.

A claustrofobia em que se vivia em Portugal, sem as liberdades mínimas e com sete anos de guerra colonial, era terreno propício para que a contestação de todos os poderes se instalasse, a nível da oposição ao regime – e à Igreja – e no plano dos costumes. Luta pela liberdade e luta por todas as liberdades passaram a ser uma e mesma realidade. Claro que tudo acontecia apenas a nível de elites em (poucos) centros urbanos – mas eram elites francófonas e francófilas, para quem Paris já era, e passou a ser ainda mais, o que de mais parecido havia com o paraíso na terra. Em palavras mais simples, estou a dizer, sim, que foi a faceta contestatária e libertária do Maio de 68 que influenciou esta esquerda não muito «ideológica», que marcou a sua maneira de agir através de todo o período marcelista e que a fez atravessar o 25 de Abril e viver o PREC com uma certa insensatez utópica. Felizmente, digo eu, sem qualquer nostalgia ou saudosismo (*).

Isto foi importante e foi duradoiro, passou em parte para as gerações que se seguiram e continua a reflectir-se, para muitos, num certo modo de estar na vida e na política. Se responde, minimamente, à pergunta que foi posta, não sei... Mas que venham os comentários.

Tivesse eu trinta e tal anos, como julgo ser o caso do Zèd e de alguns bloggers do Peão que até conheço pessoalmente, e esta prosa seria radicalmente diferente. Garantidamente.

E, a partir de hoje, de Maio 68, nesta casa, só bonecos e sons. Espero que, também, garantidamente...

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(*) A propósito da vivência do Maio de 68 nas diferentes esquerdas, leia-se o que Rui Bebiano escreveu em Espartanos e hedonistas.

Com sorte, isto vai

Em trânsito, oiço a voz de Sócrates, na tomada de posse do novo comandante geral da GNR:

«Desejo-lhe boa sorte, senhor comandante!»

Boa sorte?
Ao jogo certamente, nos exames ainda que vá, nos amores nunca percebi o que fosse.
Mas na GNR?!

A pose nunca ajudou




...a entrevista fez o resto.

Paris, 6 de Maio

Dia de violência nas ruas, primeiras barricadas. A partir das 15:00 horas, numerosos confrontos entre estudantes e polícia.

Vídeo

Radio

Entrevista de Daniel Cohn-Bendit ao Nouvel Observateur.

boomp3.com

P.S. - A resposta à «pequena provocação» vem a caminho – talvez...

5.5.08

O PS e o cónego Melo



















Víctor Louro, ex-deputado do PCP, filho de Víctor de Sá, que saiu daquele partido no fim dos anos 80, integrado no chamado «Grupo dos Seis», escreveu esta carta ao Grupo Parlamentar do PS. Raimundo Narciso divulgou-a:

«Permitam lembrar Becket: “de cedência em cedência (antes, era só um operário; depois, apenas um padre; depois, era ainda só um comunista...) acabam por nos cortar a cabeça...a nós próprios, que não éramos nada disso!"

Tenho o dever cívico de vos manifestar profunda indignação pela atitude do PS, na 6ª feira, na Assembleia da República, a propósito do voto de pesar ao cónego Melo. Mesmo que ela tenha ocorrido após a vergonha da homenagem do seu Presidente ao Dr. A. J. Jardim: temos o direito - e o dever - de não nos habituarmos! É que Melo agiu, em 1974/75, activamente e por meios terroristas contra a democracia que dava os primeiros passos: os comunistas eram as primeiras vítimas, mas o objectivo era a própria Democracia. Por isso é que é intolerável que na hora da provocação, o PS encontre um qualquer alibi para não se pôr do outro lado da barreira.

A vossa abstenção é uma traição à Democracia! Digo-vo-lo com a responsabilidade de vos ter precedido na representação popular no Parlamento. E de ser filho de um Homem que também vos precedeu, Victor de Sá, como outros perseguido durante a luta contra o fascismo, que se viu obrigado a fugir de casa, em Braga, nesse "verão quente" para não ser abatido pela camarilha do cónego que deixastes que o Parlamento homenageasse como um democrata.

É pelo respeito que os nossos mortos nos devem merecer, aqueles que lutaram para que Portugal vivesse em liberdade, que vos manifesto a repulsa democrática por essa indignidade que alguns de vós personificastes.

Não vos queixeis do divórcio do Povo! Esta vossa atitude teve ainda a ironia de ocorrer quando se invocam os 40 anos do Maio 68: alguns de vós estavam, como eu, do lado dos que se revoltaram contra o stato quo do poder estabelecido. E agora, que sois Poder?»


P.S. - Já tinha abordado este assunto aqui.

4.5.08

Oito milhões a mais



















A Comissão Europeia estima que tem, no seu território, oito milhões de imigrantes ilegais e procura que a expulsão dos mesmos seja agora facilitada pela aplicação de uma directiva que os vinte e sete se preparam para aprovar.

Entram na Europa cerca de dois milhões de imigrantes por ano, dos quais entre quinhentos mil e um milhão o fazem de forma irregular.

Segundo a nova directiva, especialmente impulsionada por Sarkozy e por Berlusconi, até que se resolva todo o processo de regresso aos países de origem, os ilegais podem estar detidos até um máximo de seis meses (ou dezoito, em casos especiais) e, uma vez expulsos, não podem regressar à Europa durante os cinco anos seguintes.

Se parece indiscutível que há que pôr ordem na emigração clandestina, e sem sequer entrar na discussão específica sobre a bondade ou os defeitos desta nova directiva, é impressionante que OITO MILHÕES DE PESSOAS que conseguiram entrar na Europa, muitas vezes com enormes riscos e sacrifícios de toda a ordem, sejam forçadas a regressar ao ponto de partida, sabe-se lá em que condições, e para que condições. Não é fácil imaginar o sofrimento que está em jogo.

Que civilização é esta – a nossa, a europeia – que se sente obrigada a pôr trancas nas suas portas para que só cá fiquem e entrem alguns? Que terras são as outras, as deles, onde não é possível viver e morrer com um mínimo de dignidade? Quem é que, a nível global, trata deste drama?

Com as recentes notícias sobre a crise dos preços dos produtos alimentares, tudo leva a crer que a situação tenda a agravar-se.

Seria tudo isto absolutamente previsível? Talvez. Mas não era, certamente, inevitável. Algo está a falhar – garantidamente.

Fonte sobre a directiva: El Pais.
Ler mais informação aqui.